
O garoto caminhava repousando os olhos sobre a natureza, o lindo verde do campo e o lindo lago o enfeitiçava.
Onde estou? Se perguntava incansavelmente.
Mas não importa, era perfeito. Qual seria sua sensação ao deixar este mundo caótico, e se pegar vendo um paradisíaco lugar? Ficaria? Ficaria vivendo a ilusão de sorrir sem medo de nada?
O garoto caminhava os olhos sobre as folhas e flores e sobre o sol iluminando o lago. Saída? Não procurava, aparentemente era ótimo viver em mundo só seu.
- Tem alguém aí? - Gritava.
E o único som que se ouvia era o eco da sua voz. Começou bater um desespero, quando se deu conta de perambular sozinho por aquele imenso lugar não era tão bom.
Que bom seria um amigo para acompanhá-lo, era esse o seu desejo. E ao horizonte viu a silhueta de alguém, e enquanto se aproximava um sorriso se abria no rosto do garoto.
- Olá! - Disse.
Mas não havia resposta da nova companhia. Era uma garota de cabelos negros e curtos, o olhava com olhar de tristeza e por algumas vezes tentava abrir um sorriso, porém não conseguia.
- Oi. - Enfim, conseguiu respondê-lo.
- Você sabe que lugar é esse? - Perguntou virando os olhos ao redor.
- Esse lugar? Na verdade, eu acho que pode ser qualquer coisa.
- Como assim?
- Você que escolhe o lugar que quer andar e as coisas que quer ver, você queria um amigo e eu apareci, o que quer mais?
Engoliu saliva. Tinha desejos mas não eram visíveis, era visível somente nas coisas que via e não as que sentia.
- Quero voltar pra casa.
- Você já está em casa.
- Não estou!
- Não consegue reconhecer a bagunça de sua mente?
Estava sonhando.
- E como saio desse lugar? - Perguntou já apavorado.
- A casa é sua, onde estão as portas e as janelas?
Agora ele conseguia entender a dimensão do que acontecia.
- É só desejar e acontece, não é?
Ela assentiu.
O garoto correu, agora com um sorriso e contagiou a garota, sabendo que estava sonhando poderia fazer o que quiser, sem medo e nenhuma restrição, porém...
- Quero acordar.
- Por quê?
- Porque tenho uma vida.
- Que vida?
- A vida que maltratei e que agora aprendi a amar.
- Eu sou a vida.
- O quê?
- Não pode personificar tudo, não pode controlar tudo.
- Mas eu te amo. - Respondeu.
- Ainda quer acordar? - Vida perguntou esperando a resposta que lhe seria dada.
- Sim! - Respondeu o garoto.
- E por quê? - Perguntou novamente.
- Porque quando amamos devemos abrir mão de nossos desejos.
Ao dizer isso, tudo se apagou e seus olhos se abriram. Procurando a vida por todo canto parou abruptamente sobre as cortinas de seu quarto, abriu elas e as janelas e viu o sol da manhã. E disse sorrindo:
- Vida!
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