Acabou 2021 finalmente, porém muita coisa deste ano que acabou de acabar ainda ressoa com força, particularmente para mim, e creio que para muita gente nesse país principalmente, 2020–21 foram 2 anos muito difíceis por conta da pandemia e por conta também desse governo fascista, com o aumento dos preços de gasolina, do gás, do mercado e etc; no entanto, voltando ao particular, 2020–21 para mim foi uma jornada árdua de criação de mais autonomia, mais independência e mais segurança emocional, e tenho certeza que tudo isso foi essencial para ter uma boa experiência em sala de aula como professor, pela primeira vez dando aulas de língua portuguesa (minha área) em uma escola estadual.
Apesar de já ter tido uma experiência prévia de sala de aula, como professor voluntário de cursinho comunitário pré vestibular e como bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, que para quem não sabe, resumidamente se trata de um programa para formação de professores, a experiência de lecionar uma disciplina no estado é completamente diferente, pois a responsabilidade é outra, você como professor, é responsável por aqueles alunos que estão em sala, você PRECISA ser uma figura de referência e de autoridade, para que a relação de ensino-aprendizagem possa acontecer de forma satisfatória, porém vale a ressalva que essa coisa da hierarquia me “pega” um pouco, porque a ideia é aqui não é menosprezar os alunos, a ideia é guiar os alunos através da sua metodologia de ensino, pois como o próprio Paulo Freire diz, os alunos não são figuras vazias, você não está ali para depositar conhecimento neles, eles também tem suas vivências, suas relações de amizade, familiares, seu contexto social e etc.
Um exemplo disso foi que nos primeiros dias, me apareceram muitos desafios, porém com tantos anos de Pastoral da Juventude, lidando com jovens, sendo jovem, pude identificar o que era o mais adequado a ser feito, que é acolher e ouvir os alunos. Com base nisso, tenho ciência de que os professores da velha geração não tem a mesma disposição e energia para lidar com isso da forma mais dinâmica e acolhedora, os tempos são outros, as demandas são outras, e isso é completamente compreensível.
Na faculdade, refletimos muito sobre como pode ser o ensino regular, como incluir, como acolher e tudo mais, mas quando você dá de cara com a realidade do sistema educacional que está ali posto, você sabe que não pode resolver tudo, e que você É SÓ MAIS UMA ENGRENAGEM NESSE SISTEMA, porém, NÃO TE IMPEDE DE TE FAZER DIFERENTE! Vai ter desafios, mas tem que se posicionar.
Em geral, foi uma experiência enriquecedora, é muito gostoso encontrar esses jovens na rua e ouvir um: “oi, professor!”, que já tem me ocorrido há um tempo. Meu desejo é que os jovens que estão começando a atuar agora sejam educadores acolhedores, com consciência de classe, afetuosos e firmes, para proporcionar uma experiência educativa satisfatória, para os dois lados, porque quando estamos falando de ensino, falamos de aprendizagem também, também aprendemos com os alunos.
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