As efemeridades

Escrevo este texto às duas horas da manhã, fico a pensar o quanto as coisas tem sido muito repentinas ultimamente, efêmeras, rápidas, não temos tempo de digerir o que está acontecendo e o que está por vir, estamos preocupados com o que postar no instagram, no x ou twitter (como preferir), talvez por este motivo nós não dormimos mais como antes, não comemos como antes, não sentimos como antes, não beijamos como antes, não transamos como antes. Obviamente, não estou falando exatamente dessas redes, estou falando da sensação de urgência, a sensação de que você está perdendo algo, que está perdendo tempo.

Nós não aproveitamos mais a passagem do tempo, a luz de sol no nosso rosto, as gotas de uma chuva, a brisa de um vento, ao invés disso, preferimos as luzes brancas das telas dos nosso celulares, notebooks e tvs. Nós não conversamos mais, nós não damos "bom dia", "boa tarde", "boa noite", nós não dizemos mais o que sentimos, e ainda sim dizemos: "estou com a terapia em dia". 

Criamos lista de afazeres que nunca faremos, planejamos viagens que nunca iremos, marcamos na agenda evento que não estaremos presentes, porque a gente não consegue mais criar, planejar, marcar, se preparar. Queimamos a largada antes da largada. Estamos cansados da rotina, das mesmices, mas continuamos presos à elas, talvez a gente não queira mais sair delas, porque ela é o que nós somos. Porque pedir o fim da escala 6x1? Eu já estou acostumado. Não só o Brasil vai quebrar. Eu vou quebrar. O que eu vou fazer com tempo que eu tiver? O tempo que eu já perco na timeline do tiktok e do instagram. Entre o ócio e trabalho nós nos perdemos, porque há tanta opção por aí, tantos exemplos de influencers com vidas melhores que as nossas, dizendo terem dias produtivos. Por que comparamos vidas com a nossa? Vidas que não são como a nossa.

Por isso, eu convido-os a procurar sem esperar achar, a caminhar sem esperar chegar, a dançar uma música sem esperar acabar, eu convido-os a encarar a vida como ela é, a inconstância, o movimento, a caminhada, a jornada. Em que momento que esquecemos dar valor aos pequenos passos? Os momentos que temos com quem amamos. Convido-os a viver os momentos e a viver a vida sem fazer dela um reality show, sem postar no insta, sem fazer thread no twitter. Convido-os a viver uma vida nua e crua. A gente vai aprendendo juntos. Houve um tempo que não iríamos soltar a mão de ninguém, acontece que na verdade nós soltamos, e cada um foi pro seu lado. Vamos juntar os lados de uma vez por todas.


Beto Oliveira

Janeiro de 2025

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