A ESSÊNCIA ALFA - CAPÍTULO 32

 Capítulo XXXII – O fechar e o abrir de olhos 

Como vai sua estadia nesse mundo paralelo? Perguntou Fael a Franklin, querendo provocá-lo. 

Franklin fitou a rachadura do local. Ali era a saída e o fechamento dos mundos paralelos e como ele tinha vinculado todos os mundos não seria preciso fechar um por um. Fechando ali, todos os sete que precisavam ser fechados fechariam. 

Franklin não mais sentia medo de Fael, não era como antes. 

Não vai me responder? Perguntou Fael. 

Então Franklin disse algo que inicialmente Yan não entendera, mas apenas inicialmente. 

Yan, vá à floresta e corra para cá! 

E tudo se apagou.  

Seus olhos se abriram. Yan estava sonhando. 

"Yan, vá à floresta e corra para cá!" Yan repetia as últimas palavras de seu sonho.  

Seria certo confiar em nossos sonhos? Ele sabia que sim, sabia que estava em um mundo paralelo e graças a Franklin o mundo não era diferente. Eram as diferenças que Yan temia. 

Ele se levantou e olhou para seu computador ainda ligado deixava ligado para adormecer com as músicas, suas músicas prediletas. Olhando a tela, viu que o tempo contava 08h00. A música que tocava era Tempo Perdido, Legião Urbana. 

 "Veja o sol dessa manhã tão cinza", animado com a música, ele cantou o trecho que invadia seus ouvidos enquanto abria a janela e olhava o céu. Coincidentemente, o céu também estava cinza. 

Yan sonhou com absolutamente tudo, todos os acontecimentos de todos os mundos. E se fosse verdade? E se aconteceu mesmo? Como Franklin Paulo conseguiu fazer esse tipo de coisa? 

Mesmo desconfiado, desceu. 

Chegando à cozinha, Yan sentiu uma vontade imensa de chorar, pois ali, bem perto, via sua mãe. Correu até ela e lhe deu um abraço muito apertado, dizendo: "Bom dia". 

Que foi, menino? Teve algum pesadelo comigo? Perguntou Salete surpreendida. 

Sim, um grande pesadelo. Respondeu. 

 "Quem me dera se fosse um pesadelo realmente", pensou. 

Depois de tomar café, Yan correu para fora. Ele não queria se despedir. 

Vai para onde? Por que não foi para a escola? 

Não tem aula, então vou dar uma volta. 

Vai à casa da Catarina, não é? Disse Salete dando risada, porém, Yan não entendeu a brincadeira. 

Então teve de dizer:  

É, vou.  

Sua mãe franziu a sobrancelha, estranhando seu comportamento. 

E Yan botou os pés para fora de casa fitando a rua vazia. Ele repetia aquela frase "Yan, vá à floresta e corra para cá!", seria a mesma floresta onde tudo acontecera? Ele caminhou, esperando que sim.  

Em frente à sua casa, havia uma casa muito diferente da que conhecia.   

A casa da Melissa não era amarela. Sussurrou. 

E olhando para dentro da casa viu uma garota que abriu um grande sorriso ao vê-lo pela janela. Ele a viu sair correndo de lá, batendo a porta. E, sem saber o que fazer, somente caminhou até o portão da casa amarela. 

Ela era uma garota linda, seus cabelos lisos e pretos balançavam ao vento e seus olhos negros brilhavam. Usava uma blusa branca e uma calça jeans. 

Yan tentava parecer convincente, então abriu um sorriso um pouco forçado enquanto ela chegava dizendo: "Bom dia, amor", lhe dando um selinho. 

Yan lembrou-se que em seu mundo os pais de Melissa estavam separados, seu pai tinha ido embora e ela ficara com a mãe.  

"Será que ela foi embora com pai dela?"; "Ela não tinha uma boa relação com o pai..."; "E a mãe dela?", pensou. 

Por que meu namorado está tão aéreo? Disse a garota. 

Catarina... Disse Yan, lembrando-se do nome dito por sua mãe. 

Catarina? Você não me chama assim, só quando está nervoso ou sério. Disse ela. 

Eu tive um pesadelo e ainda estou sob os efeitos dele. 

Ah, amor. Não se preocupa. Disse Catarina Mattos, colocando os braços em volta do pescoço de Yan. 

E ela o beijou. 

"Esse mundo é perfeito demais", pensou Yan. Mas ele tinha que ir. 

Amor, preciso resolver uma coisa, depois falo o que é. Murmurou, tirando os braços dela de seu pescoço e segurando suas mãos. 

Ah, uma surpresa? Ela sorriu. 

Pois é. Deu-lhe um abraço apertado dizendo: Até mais, fique bem. 

"Talvez nos encontremos em meu mundo", pensou ele. 

Yan a deixou e caminhou. Ao se distanciar cantou o trecho de uma música que estava em sua mente desde que acordara: "Ela dormiu no calor dos meus braços e eu acordei sem saber se era um sonho". 

Ele tinha achado que se prenderia e se enfeitiçaria com o mundo que seria apresentado, porém, tudo que ele viu somente o deixou mais leve. 

Mas ele não estava assim somente por Catarina, ele não estava apaixonado (afinal, gostava de Alice). Ele estava feliz porque, mesmo sem sua mãe e seu pai, ele saberia que eles estavam felizes onde estivessem. 

O tempo que perdera com Catarina o atrapalhou um pouco, por isso, em vez de caminhar começou a correr para a floresta. 

Chegando lá, viu o mesmo mosteiro em ruínas e um homem de batina caído, o mesmo que vira em sua terceira viagem, o padre de nariz avantajado. 

Olá, tudo bem com o senhor? 

Quem é você? Sussurrou com dificuldade, com um português bem falado para um italiano. 

Yan Lopes. 

Yan Lopes? – Levantou-se bruscamente e o olhou pela primeira vez. 

Você me conhece? 

O anjo Maurício me assegurou que um dia eu iria te conhecer. 

Mas como? 

 É meio louco, mas estamos aqui. Disse o padre, sendo ajudado por Yan para se levantar. 

Qual o seu nome? Perguntou Yan. 

Enrico. Enrico Floero. 

"Ele foi comentado em meu sonho", pensou e se pôs a perguntar. 

Você ainda não sabe? Então vou lhe contar. 

Então o padre contou tudo, sobre a conversa com Maurício, sobre a queda do anjo, sobre suas descobertas e muito mais. 

Durante a explicação, Yan avistou uma pena no chão e ao pegá-la sentiu algo estranho, a pena tinha um calor fora do normal. 

Vamos supor que esta pena seja do Anjo do Tempo, será que ela fecharia o mundo paralelo? 

É provável que sim, porque não há diamantes aqui. 

Vou levá-la, então. Disse Yan. 

Quer ir comigo? Perguntou. 

É claro, preciso sair deste lugar. Respondeu o padre. 

Então vamos rápido, pois até lá são uns vinte minutos.    

E os dois caminharam como nunca. 

E por pura coincidência encontraram Fernando e Livian. 

Yan? Estranhou Fernando. 

O que foi? 

Era para você estar com eles lá, não era? 

Se for assim, então, duplicaram a minha existência, temos vantagem! Sorriu Yan. 

E quem é esse? Perguntou Livian. 

Padre Enrico Floero, imigrante da Itália. 

Os dois cumprimentaram o padre. 

Você tem alguma relação com o mosteiro? 

Eu descobri as essências e o anjo Maurício me ajudou. Explicou o padre. 

Porém o anjo do tempo caiu e os pedaços de sua chave abriram a porta do mundo paralelo, então, o padre foi sugado. Completou Yan. 

Entendi, por isso existem aqueles diamantes e essa pena?  

É a pena do anjo que caiu, eu espero fielmente que ela feche o mundo. 

Após um breve silêncio, caminharam ainda uns cinco minutos até chegarem ao local. 

 

Franklin olhou para trás e viu o ofegante Yan. 

Eu lhe disse: "Yan vá à floresta e corra para cá!", graças a Deus você seguiu sua intuição. 

Ah, eu estava achando isso muito estranho para não ser verdade. Gargalhou. Você já deve saber que já cansei de ver eu mesmo, não é? 

Eu sei, mas é necessário. Acabe com isso. Respondeu Franklin. 

Ah! Yan, você é especial, sabia? 

Yan franziu a testa. 

–  Ninguém pode tirar você dele. Disse o arcanjo apontando para o céu ao falar a última palavra. Ninguém além de mim, claro. 

Yan se preparava para atacá-lo, mas Fael tinha mais coisas para dizer. 

Mas antes vou lhe contar umas coisas, quero que saiba que seu dom é perigoso, ele está entre o desejo e a realidade. 

Do que está falando? Indagou. 

Ora, a Alice te consolar antes de sua primeira viagem no tempo? São desejos, desejos de seu desprezível coração. 

Levantou as sobrancelhas, impressionado. 

Então não viajei no tempo? 

Na primeira vez você viajou, mas Alice foi somente um desejo. O arcanjo gargalhou. 

Obrigado pelas dicas, hora de acabar com isso. 

Yan olhou para si mesmo do outro lado da casa e deu sinal positivo.  

Enquanto Fael dizia: De nada”, Yan lhe deu um soco. 

Leonardo ateou fogo ao redor de Fael e Lucas cravou sua espada de duas lâminas no peito do arcanjo. Enquanto ele gritava de dor, Yan lhe deu mais um soco fazendo-o andar para trás e se queimar no fogo que estava próximo, assim, afastava Fael da rachadura.  

Então o Yan que tinha acabado de chegar correu até a rachadura e inseriu a pena no local. 

Quando a pena tocou o local, uma luz muito forte reinou aumentando-se cada vez mais, o barulho era ensurdecedor, então de repente ela se dissipou engolindo a si mesma. Todos ficaram no mesmo lugar, mas somente por alguns segundos. 

Uma explosão fez tudo desaparecer, tudo escureceu, e, ao reaparecer, todos caíram no mesmo lugar de onde saíram, todos, exceto Fael, estavam no mosteiro.

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