Chegamos em dezembro de 2022, e eu ainda tenho pensado e elabora coisas que aconteceram em 2020, não só por ser o ano em que a pandemia do covid começou, mas também pelo fato de ter perdido minha mãe em novembro daquele ano, de lá pra cá EU MUDEI, MUDEI MUITO!
O meu luto foi muito difícil, muito difícil mesmo, creio que a ficha demorou a cair um pouco, pois a dor veio com tudo mesmo em 2021 em maio, porque era o mês que minha mãe faria aniversário, nessa fase, fiquei muito mal, tendo diversas crises de pânico e ansiedade, muita tristeza e muita solidão. A terapia foi essencial para me dar forças, para me refazer todos aqueles dias, mas só a terapia já não estava dando conta, voltei a passar no psiquiatra depois de muitos anos, e hoje, medicado, fazendo terapia, nunca estive tão estável na minha vida creio eu, nunca estive tão bem.
Porém, não é pelo fato de ter passado no psiquiatra, mas sim pelo processo de transformação que ocorreu em mim depois dessa grande perda, hoje eu me sinto OUTRA PESSOA, pessoa essa que eu ainda estou conhecendo, o Beto do passado era muito medroso, carente, narcisista, não tinha recursos suficientes para entender as coisas como eu entendo agora, hoje eu me sinto independente, seguro, confiante, aprendi a me amar, a me respeitar. Uma coisa simples que demonstra essa segurança é o fato de eu ter aprendido a dizer não para algumas coisas, antigamente eu me sentia forçado a fazer coisas que eu não queria, estava em lugares e fazia coisas para agradar as pessoas à minha volta, hoje eu tenho segurança para escolher o que eu quero fazer e o que estou com vontade de fazer, isso é libertador.
A transformação foi enorme, amadureci muito, eu sinceramente achei que não ia suportar viver sem minha mãe, pois sempre fui muito dependente dela, meu maior medo sempre foi ser sozinho, sempre foi a solidão, sempre foi se sentir um estorvo para as pessoas, e eu aprendi que primeiramente eu tenho que aprender a conviver comigo mesmo, a me amar primeiramente, para que eu possa amar os outros ao meu redor.
Hoje eu nem mesmo sei ao certo quem eu sou, como disse, ainda estou conhecendo essa nova pessoa que renasceu, hoje eu sou professor, hoje estou me formando, hoje eu sou muito mais do que imaginei ser na minha vida, porque sempre me enxerguei pequeno demais. Gratidão por todos que passaram pela minha vida, minha família, meus amigos de infância, meus amigos de vida que amo e guardo com muito carinho no coração, laços criados dentro da Pastoral da Juventude, gratidão por todos que me fizeram ser uma pessoa melhor, todos os puxões de orelha, todas as conversas, todas as partilhas, eu tenho muito orgulho da minha origem, e de todas as pessoas que pude partilhar minha vida, estou entusiasmado para continuar vivendo e descobrindo cada vez mais o novo homem que eu sou.
Beto Oliveira
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