A ESSÊNCIA ALFA - CAPÍTULO 02


 

Capítulo II A linha tênue entre o sonho e a realidade 


Yan adormeceu e estava sonhando, só que ele não esperava pelo que veria nesse sonho. 

Ele estava em um lugar misterioso, havia uma ponte que levava a algum lugar que não conseguia enxergar. Ele começou a caminhar pela ponte e, olhando abaixo do plano vivo em que estava, localizava-se a imensidão do espaço.

Via todos os planetas como se fossem uma gota d’água que cai sobre um rio, ao andar para mais perto do final da ponte, avistou o planeta Terra, um globo azul extremamente lindo. Assustado e impressionado, quase caiu na imensidão, todavia, seu medo o trouxe de volta ao meio da ponte. Com extrema dificuldade, as pernas trêmulas e os olhos cheios de lágrimas, dava passos lentos, um de cada vez. 

Ao passo que se aproximava a segurança aumentava, entretanto, uma rachadura na ponte o surpreendeu e os destroços da brilhante ponte caíram na imensidão negra. Com um grande e corajoso pulo ele adentrou o lugar que estava ao fim da ponte. 

Bem-vindo, Yan Fez se ouvir uma voz serena e passiva. 

O sonho se desfez. 

Ao acordar assustado, empolgado e preocupado com o que sonhara, vai até a cozinha beber um copo de água. 

De repente, imagens invadem sua mente. Horas atrás, Melissa o beijara! O menino do tempo estava confuso, tudo o que aconteceu foi intenso. A viagem no tempo que fez na escola, o beijo de Melissa e as atitudes estranhas de Lucas. 

"Esse é o dia mais estranho da minha vida", pensou Yan.  

Pensando no que fazer para esquecer isso, repentinamente, ele teve a ideia de visitar sua melhor amiga. 

A casa de Melissa era em frente à de Yan. Uma casa simples que em sua fachada havia muros e um pequeno portão preto. Ao fundo, paredes azuis e um pequeno jardim.  

 

Hoje realmente não era o dia dela, o momento mais feliz foi o tempo em que esteve na escola, lugar em que encontrava Yan todos os dias.  

Os dias pareciam iguais, ao chegar em casa seu humor mudava repentinamente.  

Seus pais eram separados, separação essa que acontecera recentemente, precisamente no ano passado. Ela e sua mãe Valentina tiveram de escolher entre se mudar ou deixar que seu pai fosse embora, e foi o que aconteceu. Desde então, o clima era pesado naquele ambiente, pois tudo a fazia se lembrar de seu paimomentos bons e as frequentes brigas que motivaram o divórcio. 

Melissa estava cochilando, mas, aos poucos, começava despertar. Os sons da TV ligada invadiam sua mente e se misturavam ao sonho. De repente, um barulho se sobressaiu e ela logo conseguiu identificar, era a voz de Yan que a chamava no quintal. 

Ela se levantou assustada, o que acontecera entre eles ainda estava em sua mente. Ela achou estranho, o que poderia trazer Yan à sua casa? Mas ela preferiu não pensar em nada.  

De repente, sua mãe gritou do fundo da casa, interrompendo seus pensamentos: 

Melissa! Tem alguém chamando, vai atender logo! 

Já vou... Respondeu ela levantando-se do sofá. Jogando os cabelos ruivos para trás, desligou a TV. 

Ela abriu a porta da sala, ao sair se via o corredor de sua casa, então fechou a porta e caminhou até o portão. Ao sair, viu Yan e lançou um sorriso sem graça, ele fez o mesmo. 

Oi! 

Yan ficou sem saber o que dizer, os dois ainda estavam vestidos do jeito que vieram da escola, Melissa com sua blusa vermelha e ele com sua camisa azul claro de gola em V, algo não tão importante assim, pois o foco dos dois eram os olhos, demorados olhares. 

Desculpe vir assim, de repente, é que tenho que te contar uma coisa. Eu tive um sonho muito estranho... e... Yan perdeu as palavras ...bom, posso entrar? 

Melissa deu um leve sorriso, quase imperceptível. 

Claro, entra. 

Yan adentrou na casa de Melissa. Apesar de ser muito inseguro e tímido, nunca se sentiu dessa forma, ainda mais na casa de sua amiga, mas o que aconteceu o deixara assim, sem reação. 

Os dois já estavam na sala, quando Yan se sentou no sofá e ela perguntou: 

Água? 

Quero sim, obrigado. 

O menino do tempo observava ao redor, reconhecendo cada lugar daquela casa, os quadros na parede, a estante preta, os sofás marrons e confortáveis, os pisos pretos e tudo mais. 

Ela voltou com um copo de água e lhe entregou dizendo: 

Vamos ao meu quarto? Acho que não seria legal se minha mãe interrompesse o que você tem a dizer, também quero conversar com você. 

O menino do tempo concordou e a seguiu. 

Eles seguiram pelo corredor que ficava ao lado direito da sala, onde ficavam os, ao fundo ficava a cozinha e a lavanderia, onde sua mãe estava nesse momento. 

Yan seguiu até a cozinha e, deixando seu copo na pia, cumprimentou Valentina de longe. 

Oi, Yan! Tudo bem? E sua mãe, como está? 

Ah, está tudo bem, graças a Deus. 

Ele se retirou rapidamente e foi ao quarto de Melissa. 

Fecha a porta Disse ela. 

Ok. 

Melissa não estava bem, lágrimas desciam pelo seu rosto. 

Ei, você está bem? O que foi? Yan correu até ela e sentou-se ao seu lado, tentando consolá-la. 

Ela pôs a cabeça no ombro dele e disse chorando: 

Já faz um ano, mas ainda sinto falta do meu pai. Tudo aqui me lembra dele. 

Não sei o que te dizer, mas não fique assim, sua mãe também não me parece bem, se ela te vir assim... 

Não... ela não vai me ver assim, ela não sabe que estou abalada. Disse ela enxugando as lágrimas e olhando nos olhos de Yan. 

Bom, eu ia dizer que ela ficaria mais triste ainda de te ver assim, mas, por favor, fique bem. Yan a abraçou ao dizer. 

Ao sair dos braços de Yan ela olhou para o lado. 

Mas me diz aí, o que queria me contar? 

Yan se recompôs do susto de vê-la assim e coçou a cabeça. 

Bom, como de costume, eu cheguei em casa e me deitei no sofá. Eu sempre cochilo, mas hoje o sonho que tive me intrigou. 

Como foi esse sonho? Perguntou ela. 

De repente, o celular de Yan tocou. Ao atender, ficou sabendo de uma notícia inesperada, Lucas havia fugido. 

Postar um comentário

0 Comentários