A ESSÊNCIA ALFA - CAPÍTULO 08

 

Capítulo VIII – Tempos de espera e luta 

 

14 de fevereiro de 2011 

Guatacape, São Paulo, Brasil 

Passava das seis horas da manhã quando Yan despertou, mais uma semana de aula se iniciava e ele ainda pensava no que fazer. Sentia que precisava de respostas e ainda não tinha nenhuma para todas essas inquietações. 

O caminho para a escola foi silencioso, Lucas também sentia o mesmo que seu amigo, só que sua preocupação era maior. O medo de fazer algo ruim era a sensação mais terrível que alguém poderia sentir e ninguém podia fazer nada em relação a isso. 

Mas os dois concordavam, mesmo sem saber que tudo seria esclarecido, que em breve tudo ficaria claro. 

Yan sentiu-se melhor na escola, sentou-se perto de Alice, algo que ele não imaginaria que fosse acontecer, os dois conversaram bastante.  

Mas Yan passou a reparar em algo estranho, algo que nunca havia reparado. Existia um aluno em sua sala chamado Fernando Castellani, um garoto branco de cabelos lisos e pretos. O garoto usava uma roupa comum, camiseta preta e bermuda cinza, e era uma pessoa aparentemente bem centrada e confiável, mas Yan nunca tinha tido sequer um contato com ele. 

Nesse momento ele o encarava, Fernando olhava para Yan como se soubesse de algo, algo que tanto o inquietava. 

O professor estava atrasado e enquanto ele não chegava Yan levantou-se e foi até Lucas. 

Lucas! 

Ele havia ido ao banheiro e estava voltando para sua cadeira quando Yan o chamava. 

Diga. 

Você conhece aquele garoto? – Indicou Yan com o olhar e rapidamente Lucas percebeu de quem ele estava falando. 

Não, só sei que o nome dele é Fernando... – Hesitou Lucas – Olha para mim, olha para mim, ele está vindo para cá... 

Fernando se aproximou com um sorriso no rosto. 

Olá! – Disse ele. 

Oi – Responderam os dois ao mesmo tempo com desconfiança. 

Olha, me desculpe assustar vocês... Eu não sei como explicar isso, mas eu sei quem vocês são. 

Lucas e Yan entreolharam-se franzindo a testa. 

Como assim? – Disse Lucas em tom autoritário. 

Não, fique calmo, por favor... – hesitou ele – já que não tem outra forma de dizer isso, vou ser direto. 

Fale logo. – Exigiu Yan. 

Também fui atingido por uma das essências da origem. 

O quê? – Disse Yan. 

Espera, você sabe que a gente possui, vamos dizer... Algumas habilidades? – Perguntou Lucas. 

Sim, eu possuo o dom da sabedoria, sei de coisas sem que me contem. 

Isso é sério? Mas como isso é possível? – Perguntou Lucas. 

Cara, você só pode estar brincando, Iniciou Fernando você consegue ressuscitar pessoas e ele – Apontou para Yan – consegue viajar no tempo, e vem perguntar como é possível? – Disse soltando uma gargalhada. 

É, faz sentido. – Respondeu Yan sorrindo. – Espera um segundo, preciso ir ao banheiro enquanto o professor não vem. 

Após mais ou menos cinco minutos, Yan já estava de volta, mas durante o caminho viu uma coisa estranha, fora da sala, no corredor, havia duas pessoas se dirigindo aparentemente para sua sala, o mais estranho era que uma delas parecia ser Lucas. 

“O que será que o Lucas anda fazendo fora da sala de aula?”, pensou Yan. 

O mais estranho estava para acontecer, quando Yan entrou na sala viu ao longe Lucas e Fernando ainda conversando e foi até eles. 

Lucas! 

Fala, Yan! – Respondeu ele. 

Que estranho, achei ter te visto lá fora. 

Lucas e Fernando deram risada. 

Para de ser doido, não tem como uma pessoa estar em dois lugares ao mesmo tempo. 

Yan fechou o semblante, sentindo uma sensação ruim, mas tentava entrar na conversa novamente e logo quando Yan ia interrogar Fernando sobre o dom, chegou o professor de matemática, o nome dele era Arthur, tinha um semblante muito sério, era branco, de cabelos pretos e curtos, olhos azuis e vestia uma camiseta preta e bermudas jeans. Esta era a aparência do não cativante professor. 

O professor Arthur perambulou e analisou o comportamento da classe dizendo: 

Pois é, este silêncio da sala de aula dura pouco tempo, afinal, estamos no começo das aulas. Constatou arrogantemente. 

"Já não gostei deste idiota, não fizemos nada e já está nos julgando", era o que a maioria pensava, mas, sendo aceito ou não, todos teriam que se conformar.  

Algo estranho tem continuidade, Fernando correu investindo um chute no professor, todavia, Arthur desviou e consequentemente socou o sábio Fernando Castellani. 

O que está fazendo, idiota?! Exclamou Yan. 

Faça alguma coisa também, ele é nosso inimigo! 

Os outros alunos não entendiam coisa alguma. 

Caído ao chão com a boca sangrando, Fernando pouco se importou com os argumentos das pessoas e isso enfureceu Yan, que correu e segurou Fernando pela gola vermelha da camiseta, dizendo: 

Como assim? Ninguém está entendendo nad... – Mesmo antes de ele terminar de falar, Arthur foi com sede de violência, batendo no menino do tempo. 

Que droga, você não vê que ele nos quer mortos? – Gritou Fernando indignado. 

Em meio àquela tensão, Lucas observou que ao seu lado havia uma pequena espada, com detalhes vermelhos, ela simplesmente surgiu e ele não sabia o que pensar, se isso tinha a ver com seu dom ou não. Pensando nisso, rapidamente pegou o objeto e o guardou em sua bolsa. 

Toda a sala começou a gritar, Yan ficou tenso e seu corpo se entregava ao pânico. 

Isso, leve-nos para longe daqui Sussurrou silenciosamente Fernando. 

Tudo começou a desmoronar. O tempo estava avançando, a distorção causava sempre um tremendo terremoto. Surpreendentemente, seu dom levou Yan a algum tempo desconhecido, na sua visão ele estava com os pais ensanguentados em seus braços. Quando ele voltou a si, estava com aqueles objetos que viu antes em sua casa, em sua mão direita uma luva branca e detalhada com um relógio estampado nos punhos e em sua mão esquerda estava uma adaga fosca. 

Brevemente, depois, Arthur com um semblante de inveja começou a lançar o que parecia ser alguns explosivos pela sala de aula, obviamente todos foram tomados pelo desespero. Com um conhecimento repentino e incrível, Yan conseguiu introduzir a espada no relógio estampado da luva e, sem poucas cerimônias e com uma destreza de tirar o fôlego dos espectadores, Yan parou o tempo.  

Como ele era o único que podia se mover ali, pegou todos os explosivos e jogou-os pela janela, então, após jogar todos esses objetos longe, ele fez o tempo correr novamente. 

Algo incrível acontecia, os explosivos explodiam fora da sala. Com os punhos cerrados e dotados de determinação, ele esmurrou Arthur jogando-o onde os explosivos cessaram. 

Tudo parecia distante. Com a tensão, a distorção de tempo foi interrompida e Yan viu seus pais morrendo em um desconhecido futuro. Sua grande determinação caia por água abaixo. 

Amigos! Não precisam se preocupar, eu estou bem... Sua visão se apagava, tudo se esvaindo lentamente, até Yan desmaiar. 

 

Tudo que aconteceu nesse dia ia cair no esquecimento por um certo motivo. Aqueles que ainda iam se lembrar disso eram os que foram protagonistas desse momento e pessoas mais próximas. No entanto, a importância desse dia era incontestável, considere esse momento como um divisor de águas na história desses personagens. 

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