Capítulo XIX – Extrema nostalgia
"O que está acontecendo?”, pensou Yan.
O velho não conseguia mais segurar Lara, o atrito das espadas fazia com que a lâmina inimiga começasse a estremecer a ponto de atravessá-lo. Ciente disso, o velho pulou, porém, pulou muito alto e atirou uma espada – com as mesmas características da lâmina de Yan, todavia, com uma aparência antiga – lá do alto.
Quando a espada foi em direção à Lara, ela deu uma espécie de tapa nela, que por sua vez rodou cravando-se na parede.
"Previsível demais", pensou o velho. Quando estava prestes a tocar o chão, ele esticou as pernas, formando, assim, um chute certeiro. Funcionou, mas não foi eficiente. Logo que acertou, ela voou e pairou no ar, freando drasticamente.
– Ela é muito resistente – Exclamou Yan.
– É que você ainda não conhece os principais. – Disse Maurício.
– Hã? Como assim?
Yan estava boquiaberto, mas não tinha tempo para pensar nisso. Inteligentemente, ele viu que a anjo das trevas estava fitando o velho, então tirou a adaga cronos e rapidamente jogou-a em alta velocidade – Velocidade dada pela força da luva.
A adaga soltou faíscas no ar e cravando-se na testa de Lara a implodiu, fazendo com que ela desaparecesse.
"A fraqueza deles é a cabeça", pensou Yan.
– Desculpe-me em dizer, mas você está enganado, meu caro. – Disse Maurício a ele.
– Você lê pensamentos?
– É óbvio, não?
– Sim, mas...
– Normalmente, nós conversamos por pensamentos com humanos, mas isso é quando o humano não nos vê. – Sorriu.
– Entendi. E por que estou enganado?
– Essa fraqueza é muito rara, geralmente não é fácil assim matar um deles. – Maurício já desconfiava quem era o autor dessa "fraqueza".
O menino do tempo assentiu, havia compreendido.
Ele havia destruído Lara e por isso livrou Lucas do domínio espiritual.
Em uma rápida troca de cenas, chegou Leonardo Rocha, o escolhido do fogo.
– Nossa! Parabéns, meu amigo, você o derrotou. – Disse Leonardo, portador do fogo.
– Leo! Cara! Você foi escolhido? – Exclamou, para a surpresa de seu amigo.
– Parece que sim. – Sorriu sem graça.
– Vamos lutar juntos.
Leonardo concordou.
Yan percebeu que seu amigo estava desconfortável e logo entendeu, pois ele também estava.
Chegava Livian, portadora da terra. Sua chegada deixou todos atônitos, apesar de Yan não a conhecer, ela parecia muito familiar, familiar demais.
"Quem é esta?", pensou Melissa, enquanto abraçava Leonardo, que era seu amigo de infância também.
– Ei! Ela foi derrotada, mas eu ainda estou aqui. – Gritou o demônio Estevão, cheio de ódio.
Yan sentiu medo, não tinha nem tempo para pensar.
Ele tomou a frente de Melissa para protegê-la.
– Ei, você está tremendo, mas nada de viagens no tempo?
Ele sentiu náuseas com a pergunta, pois não havia pensado nisso.
Felizmente, algo aconteceu...
– Você não está mais aqui, monstro! – Gritou Fernando com as palmas das mãos abertas.
Era possível ver uma aura branca e magnífica ao redor dele.
Imediatamente, saiu das mãos de Fernando uma rajada de luz, chocando-se com Estevão o fez desaparecer.
Mesmo sem saber, Fernando livrou Alice das essências negativas, pois era ele quem dominava-a.
– Yan! – Gritou Fernando, extremamente feliz.
***
Passos ecoam, enfrentando o silêncio e criando sons.
– O que está acontecendo? – Indagou Fernando.
– É complicado. – Respondeu Yan.
– Oi, Melissa.
– Oi. – Melissa fez o mesmo que Nando: Sorriu.
Fernando observava ao seu redor e quando viu o velho, olhando no fundo de seus olhos, sentiu algo familiar.
"Droga, outro déjà-vu", pensou Nando.
– Quem é aquele?
Eles sentaram-se. Yan pegou as mãos de Melissa, que estavam frias por causa da tensão, e começou a acariciá-las. O semblante de Melissa melhorou e Nando sentou-se junto a eles.
– Não sei, ele parou um demônio com uma espada e deu um chute muito forte no monstro, mas conseguiu se manter no ar.
Fernando levantou as sobrancelhas.
– Logo depois disso, eu lancei minha espada na cabeça dela e ela explodiu.
– Entendi – Fernando estava maravilhado com Yan.
Asas cintilaram.
– Vamos lá, tenho coisas para explicar. – Observou o líder dos anjos.
– Não! – Falou Yan em tom de voz um pouco alto.
– Não, o quê? – Maurício parecia ofendido.
– Desculpe... é... esperem a chegada da minha irmã e do Lucas, por favor.
Livian sorriu desejando ver seu filho – algo que ninguém desconfiava.
– Está bem. – Mas não estava.
– Maurício, para de ser apressado, idiota! – Alexandre tentava animá-lo ou distraí-lo com seu humor duvidoso.
Os escolhidos não conseguiram segurar suas risadas.
– Eles estão demorando. – Disse o menino do tempo deixando Melissa, que conversava com Livian, e se dirigindo àquela arvore.
– Olha, Yan! Ela é a mãe do Lucas! – Disse Melissa.
– O quê? Como assim? – Exclamou Yan.
– É uma longa história – Respondeu Livian. – Acho que não temos tempo para conversar.
O velho passeou pelo local, observando. Estava pensativo demais.
Dirigiu-se a Yan:
– Estou com vocês nessa! – Soltou o velho.
– Por quê? Quem é você? – Indagou sem confiança no desconhecido homem.
– Calma, você mesmo disse que ele é bom. – Fernando atirou as palavras.
– Ele será importante, ele está junto, sim. – Disse Felipe autoritariamente.
Cassiano sorriu para o anjo.
– Felipe? Nem sabia que estava aqui. – Disse Pietro, ao lado do líder.
– Cara, eu sou importante. – Respondeu Felipe de bom humor.
– Vocês são tão barulhentos! – Arfou Camila.
– Boa tarde, Camila. – Felipe deu as boas-vindas.
De repente, um estrondo assustou a todos e ao fundo apareceu alguém machucado.
– Droga! Isso dói! Mas a viagem no tempo foi feita com sucesso. – Disse o homem de cabelos grisalhos e olhos azuis.
Melissa e Yan chocaram-se.
– Pai! – Gritou!
Antônio virou o rosto rapidamente, enquanto seu filho corria até ele.

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