A ESSÊNCIA ALFA - CAPÍTULO 21

 

Capítulo XXI – Reviravolta das histórias mal contadas 

Gente, peço que prestem muita atenção. 

Maurício olhou ao redor e pressentiu algo ruim, mas sabendo que nada podia fazer só pensou: "Hoje está muito difícil contar boas histórias". 

Uma grande explosão atingiu o local. Um anjo negro trazia consigo os melhores amigos de Yan, todos inconscientes por causa da maldade do caído. 

"Parece que a intenção é atingir meu coração de qualquer jeito", Yan pensou e logo gritou: 

Amigos! Ele correu, mas o demônio segurou-o pelo pescoço. 

Isso é pesado demais para eles. Disse Maurício. 

Bateu suas asas, fitando os olhos do ex-amigo. 

Kayque, o que pensa que está fazendo? 

Ora, ora... Disse com ardor de fúria, soltando Yan. Maurício! Está a fim de iniciar a luta prometida? 

Outra? Sorriu negligenciando-o. Achei que depois da lição que o Mestre Miguel deu em vocês, vocês abaixariam as asas. 

Breves palavras o atingiram em cheio. Seus olhos se estreitaram com fúria. Eles eram um pouco deformados, pois escondiam suas verdadeiras formas. 

Cuidado com as palavras! Sorriu Isso aconteceu porque achei que não envolveria esses que vocês chamam de humanos! 

Maurício tentou atacar, mas o rápido adversário quase o nocauteou pelas costas se não fosse por Leonardo, que apareceu chutando a mão do obscuro. 

Parece que vocês humanos sabem brincar. Ele analisou Leonardo que inicialmente se assustou, mas só inicialmente. 

Não estamos aqui para brincar. 

Leonardo pulou e o maligno o procurou, olhando assustado, pensava "Cadê ele?". Era a única coisa que conseguia pensar já que perdera o controle da situação.  

Ao olhar para trás, viu em poucos segundos a feição do portador do fogo, o suficiente para derrotá-lo com a tempestade de fogo criada por Leonardo. 

O demônio virou cinzas instantaneamente. 

Acho que subestimei vocês. Disse Maurício com brilho nos olhos, ele estava boquiaberto. 

Logo que os pés de Leonardo, o salvador de Maurício, tocaram o chão, Yan o abraçou afavelmente, ajudando-o a controlar sua respiração ofegante. 

Obrigado Sussurrou Yan com a mão sob seus ferimentos. 

Disponha, meu amigo, estamos nisso até o fim. Respondeu Leonardo sorrindo. 

Acordavam de olhos entreabertos os amigos do garoto do tempo. 

Ajuda! Larissa se esforçou para dizer. 

Onde estou? Disse Rafaela, confusa. 

Minha cabeça está doendo muito! Resmungou Iuri. 

Que bom para você! Porque estou com o corpo inteiro latejando. Disse Danilo tentando abrir um sorriso. 

Yan correu até eles para acolhê-los. 

Yan? Cara, que saudade, o que está acontecendo? Lá na sua casa há um monte de carros policiais atrás de você, de seu pai, da s... Iuri emudeceu seu amigo com suas palavras. 

Desculpe, é uma longa história. Rebateu sem mais delongas. 

Afinal, onde estamos? Perguntou Rafaela. 

E por que estes monstros, ou sei lá o quê, estão atrás da gente? Indagou Larissa. 

Porque vocês são meus amigos. Yan poupou palavras para não os assustar. 

Isso não responde nada! E, Yan, você não respondeu minha pergunta. Disse Rafaela. 

Danilo só observava. Com a tensão, eles roubaram suas possíveis perguntas ao amigo. 

Quer saber mesmo? 

Rafaela balançou a cabeça em afirmativo. 

Estamos no ano de 2004, na floresta onde brincávamos na infância. Soltou ele. 

Quê? Disseram todos ao mesmo tempo. 

Yan, você está louco? Se rendeu às teorias loucas de seu pai? Danilo conseguiu falar. 

Ele não conseguia responder por causa da tensão de seus amigos, eles queriam respostas rápidas, mas as histórias eram longas. Queria dizer tudo, mas tinha medo de assustá-los ou magoá-los, porém, Yan entendia a preocupação deles e isso o deixou feliz. 

Tudo isso acontecia em meio ao lindo pôr do sol de Guatacape. 

Não conseguirei explicar, amigos. Venham comigo, vocês irão assistir a algumas explicações. 

Eles se entreolhavam confusos, sabiam que Yan tinha algum motivo. Isso foi perceptível ao verem os estonteantes e lindos anjos (que abdicaram, por um momento, suas formas humanas), ao verem aparências novas e até conhecidos, como Leonardo e Melissa, outros amigos de infância. 

Enquanto isso, Yan avistou novamente o estranho homem, ele andava como antes, ao fundo da floresta perto dali. Desta vez, Lucas também o viu e sentiu náusea. 

Continuando, vamos dar início às explicações. Alertou o líder dos anjos. 

Vamos começar com as apresentações. Disse Alexandre. 

Meu nome é Maurício, anjo guarda do tempo. Protetor de Yan Lopes. 

Meu nome é Alexandre, anjo guarda da água. Protetor de Melissa Campos. 

Meu nome é Daiane, anjo guarda da vida. Protetora de Lucas Fontanelli. 

E assim também se apresentaram Felipe, Bruna, Camila e Pietro. 

Bom, primeiro vocês devem saber sobre as essências da origem. Felipe se pronunciou. 

Hoje, existem sete essências de poder no universo, oriundas da origem do mundo, que surgiram quando o Criador terminou seu trabalho. Cada uma das essências possui uma relíquia, um acessório para quem é atingido pela essência. Camila revelou. 

Geralmente as essências têm forma de gota cósmica, pelo seu brilho inconfundível sabemos que é cósmico. Complementou Pietro. 

Os amigos de Yan agora conseguiam entender a seriedade dos fatos e, com os olhos nublados de dúvidas e incertezas, fitavam Yan pedindo desculpas. 

Yan fazia gesto com as mãos, como para dizer: "Não tem problema" e sorria. 

– Saberemos, agora, quais são as relíquias que foram concedidas aos escolhidos. – Bruna alertou às pessoas que estavam dispersas e distraídas com conversas paralelas. 

As relíquias de Yan são: adaga e luva, dotadas do Tempo. Continuou Bruna mostrando as relíquias às pessoas. Melissa tem um bastão, dotado da Água. Leonardo tem um medidor de temperatura, dotado do Fogo, com aparência de relógio para regular a potência de suas chamas. 

Livian tem um cinto que capta as oscilações e "sons" da natureza, dotadas da Terra Começou Pietro Fernando tem uma pistola de luz, usada para saber a verdade das pessoas, dotada da Sabedoria, e Carlene tem um espelho, dotado do Amor. 

E meu protegido Lucas tem uma luva vermelha e uma espada de duas lâminas. Ele defende a Vida. Disse Daiane orgulhosa. 

É de suma importância saber as funções dos itens. Todos sabem como usá-los? Ponderou Maurício. 

Sim! Afirmaram em coro. 

Embora poucos tivessem muita destreza, a maioria já possuía o mínimo de conhecimento de como usar os acessórios. 

E essas são as essências: Tempo, Vida, Amor, Sabedoria, Água, Fogo e Terra. Finalizou Maurício, saciando a sede de explicações do povo que estava ali. 

Todos agora estavam com o coração calmo, as palavras tocaram seus corpos rasgados com a dúvida e o fardo físico.  A mente mal havia descansado, quando a sucessão de acontecimentos a alertou. 

E os demônios estão aqui para frustrar essas coisas e tomar os dons dos escolhidos. Isto com a intenção de um dia abrir caminho para Lúcifer e confrontar a Deus. Disse ele, o sábio Alexandre. 

Os olhos estavam atentos às palavras, porém, a atenção foi direcionada àquele homem que entrou em cena jogando uma bomba de fumaça. 

Bomba que aparentemente despistava anjos, pois eles haviam desaparecido sem deixar rastros. 

Então, Anderson apareceu em meio a todos, jogando os óculos de Yan no chão e quebrando-os. 

"Meus óculos?! Sabia que havia algo estranho nisso, mas como ele os roubou sem que eu percebesse?", refletiu Yan. 

Pai! Gritou Lucas com felicidade aparente. 

Anderson! Gritou Livian, também feliz. 

Ele sorriu com desdém. 

Não se aproximem de mim. Eles pararam de correr Não faço mais parte dessa família. Colocou a mão sobre o queixo Se é que pode se chamar de família. 

"Não é ele", pensou Livian. 

Lucas desmaiou ao ver um pai que não era mais pai e sim um criminoso, um criminoso de palavras abruptas, vítima da cegueira da alma. 

Passos brutos caminharam sobre a relva úmida. 

Anderson preparava palavras agressivas. 

– Vim dizer para vocês que... – Sorriu com evidente sarcasmo. – ... Crianças, vocês não podem proteger nada! – Vociferou Anderson. 

Yan se levantou, andou e ficou frente a frente com o bruto. 

Talvez não. Se estivéssemos sozinhos. 

O menino do tempo moveu-se. Com sua mão pegou o braço de Anderson e sob as mangas rasgadas da velha túnica jogou o criminoso longe. Com a mão direita equipada com a luva sua força foi elevada. Então jogou a adaga em direção a ele, mas... Anderson, no chão, a tirou do caminho com seu pé.  

Levantando-se num pulo, ele correu e chutou Yan com uma força incrível, chocando-se contra uma árvore. 

Leonardo tentara golpes e mais golpes, porém, ele desviara com destreza esplêndida e o frustrara com uma cotovelada em seu pescoço. Entrou nessa também Fernando, mas, ao correr, o feroz o socou no peito. Em seguida, o homem nocauteou Melissa, Livian e Carlene. 

O defensor da vida levantou-se atordoado, olhando ao seu redor lembrou-se do terror que estavam passando.  

Enfurecido, Lucas usou sua espada para cravar na perna de seu pai. Mas para sua infelicidade ele a arrancou sem dor alguma e rasgou o peito do filho. Sem sentimento algum ele continuou lutando, como um leão que corria atrás de sua presa. 

Larissa se apresentou, libertando-se do medo. 

Que droga! Ele é seu filho. 

Lucas a olhava, a mão sobre o peito ensanguentado, não mais gostando da palavra "filho". Ele tentava se curar, mas nada acontecia.  

Você se esqueceu? Quem é você, afinal? Larissa rompeu as cordas do medo. 

"Eu não sei mais", pensou Anderson. 

Rafaela caminhou até ele. 

A vida não é isso! Você sabe o que é amor? Rafaela apontou suas ideias. 

Punhos não foram eficientes, quem sabe palavras fossem? 

Parecia funcionar, mas o violento continuava usando sua melhor aptidão: Negligência.  

Todos ficaram céticos quando o bruto andou com ar de superioridade. 

– Amor? Isso também acontece quando alguém morre por outra pessoa, ou quando morrem juntos, não é? – Rafaela não respondeu, somente balançou seus longos cachos e observou Anderson. 

Iuri e Danilo, sentindo-se inferiores aos demais, tentaram impedir, mas Anderson puxou Antônio e o imobilizou e o jogou no chão com violência, perto de Yan. 

Yan, tenho uma surpresa amorosa para você! Disse Anderson. 

Anderson foi um pouco a fundo na floresta, pegou uma mulher pelo braço e a jogou no chão com violência, ao lado de Antônio. Ela tinha cabelos negros e os braços ensanguentados, visivelmente vítima da violência dele. Yan a reconheceu olhando em seus olhos cinzentos, vendo seu rosto e seus cabelos com mechas brancas do tempo. Havia também lágrima nos olhos, implorando por ajuda. 

Mãe! Gritou ele. 

O pânico dominou o ambiente. 

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