A ESSÊNCIA ALFA - CAPÍTULO 30

 Capítulo XXX – Luzes e chamas 

Lucas acordou. As luzes do dia entrecortadas pelas portas e janelas invadiam seu quarto, havia dormido demais, eram dez da manhã. Por causa das luzes se lembrou do dia em que Salete e Antônio o encontraram na rua. Era um dia chuvoso e, no meio da rua, sem saber o porquê coisa que não sabia até hoje , estava dormindo sem lembrança alguma anterior àquele acontecimento, só alguns flashes com imagens de seu pai e sua mãe, era assim que os reconhecia neste dia. Uma mulher desesperadamente gritava:  

Garoto! 

Garoto! A voz o trouxe de volta à realidade, fazendo-o reconhecê-la. Era Livian, sua mãe. 

Neste mundo, de alguma forma, ele tinha uma família. 

"Droga, eu estou em um mundo paralelo ao meu", pensou lamentando-se e desejando a realidade gostosa e harmoniosa deste mundo. 

Garoto! Por que você não foi à escola? Séria, Livian dizia a seu filho. 

Lucas levantou-se, sacudindo o edredom, enquanto sua mãe chegava ao seu quarto. 

Livian chegava de algum lugar que Lucas ainda não sabia, pois estava bem arrumada e com bolsa a tiracolo. 

Ah, hoje não tinha nada importante. 

"Eu acho", pensou complementando o que havia dito à mãe. 

Então, depois de almoçar, vá à casa do Leonardo ver o que você perdeu. 

 "Leonardo? Que surpresa”. 

Lucas assentiu. 

Ele desceu, foi ao banheiro e depois tomou chocolate quente com uma fatia de pão, comeu pouco, pois em poucas horas chegaria o horário do almoço.  

Ele passou a manhã refletindo. Refletindo sobre como e por que tudo estava tão distante, porém ele estava enganado. 

Uma hora e trinta minutos depois, após almoçar, Lucas quis ver Leonardo, mas não sabia onde ele morava, sabia que Leonardo morava em um apartamento, porém, isto era em outro lugar do universo, em outra dimensão, neste mundo Lucas imaginava que seu amigo morasse em uma casa própria. 

"O que fazer?", pensou, então teve de usar algo não tão inteligente. 

Mãe! Ela estava lavando louça e virou-se para ouvir o que seu filho tinha para dizer Vamos comigo? 

Onde? 

Na casa do Léo. Sorriu. 

Por sorte, Lucas recebeu uma resposta muito positiva. 

Vamos, sim, preciso falar com a Cecília sobre algumas coisas, me deixa terminar aqui e nós iremos, tudo bem? 

Sim. 

Terminado os afazeres, fecharam a casa e caminharam, a ideia de Lucas era de que Livian com certeza saberia onde era a casa, e ele estava certo. Após quinze minutos, chegaram em frente a uma casa. 

Cecília! Chamou Livian. 

E rapidamente ela foi atendida. 

Lucas não foi à escola e está procurando o Léo para saber o que perdeu. 

Achei que o Lucas tivesse ido, o Leonardo foi correndo para a escola procurando-o. 

Dá para vocês pararem de falar de mim como se eu não estivesse aqui?! Disse Lucas quebrando a tensão Vou para a escola, continuem conversando. 

E Lucas correu, ele estranhou o fato de que a rua da escola tinha casas e vielas diferentes e, outra coisa, não havia escola alguma no lugar que pensava haver. No desespero, olhou ao redor e viu um garoto com mochila nas costas, ele reconheceu a silhueta, era Leonardo Rocha. 

Léo! 

Léo virou-se para trás e ao ver quem era abriu o sorriso, sorriso que representava alguma esperança. 

Sucedeu então um abraço apertado. 

Que estranho, não? Não há nenhuma escola aqui. 

Lucas franziu as sobrancelhas com as palavras ditas por Leonardo, que esperou algo do tipo: "Nunca teve uma escola aqui", porém... 

Se você está dizendo que não há escola aqui, fato que também estranhei, significa que nossos mundos estão ligados! Disse Lucas, falando mais alto do que devia. 

Meu Deus, sua última lembrança antes de acordar também é o mosteiro? 

É sim. Respondeu a Leonardo com o coração acelerado. 

Faltaram palavras das duas partes para descrever o momento. 

Leonardo gaguejava, mas algo saiu: Como é possível? 

Não sei, mas parece anormal esse tipo de acontecimento, o nosso receio era nunca mais nos reencontrarmos, mas me parece que alguém está fazendo com que nós nos reencontremos. Observou Lucas. 

Também tenho essa sensação. Meu palpite para isto é: Deus. 

Deus? 

Sim, por quê? 

– É que essa sensação me parece muito mais coerente do que sua hipótese. – Respondeu Lucas. 

Está querendo dizer que essa pessoa está em algum dos mundos paralelos fazendo isso? 

Isso mesmo. Lucas coçava a cabeça impacientemente. 

Faz sentido e agora? O que faremos? Perguntou Leonardo. 

Não sei, meu amigo. 

Os dois observavam a casa onde ficaria a escola e tentavam encontrar algum "defeito" nela, porém, não encontraram nada. 

Tive uma ideia! Exclamou Lucas. 

Qual? 

Vendo por fora está difícil, que tal pularmos o muro e verificarmos esta casa por dentro?  

Parece uma boa ideia, mas será que é seguro? 

Não temos nada a perder, passamos por coisa pior nessa história de essências e tudo mais. Respondeu encorajando Leonardo definitivamente. 

Com certeza. Murmurou Leonardo lembrando-se de Danilo, daquela morte estranha de Cassiano, Rafaela, Iuri e Larissa, desejando que estivessem bem. 

E os dois foram confiantes e determinados, pularam o muro. No quintal, tentaram encontrar alguma entrada para a casa, era uma casa simples. 

Acho que não tem ninguém, melhor para a gente. Disse Lucas. 

Será que nossos poderes funcionam aqui? Perguntou Leonardo. 

Acho que sim, teremos que praticar o vandalismo. Lucas respondeu e os dois gargalharam. Ah, lembre-se que aqui nós não temos relíquias. Disse Lucas. 

Pois é, então será um fogo sem controle de expansão ou intensidade. Afaste-se. Avisou o amigo e Lucas atendeu. 

Leonardo estava em frente a porta da sala da casa e, em questão de segundos, saíram chamas de sua mão direita, que invadiram a casa derrubando a porta e tudo que tinha pela frente. 

Lucas estava quase entrando em desespero e quando começou a fazer algo Leonardo disse: 

 Calma! 

E de alguma forma Leonardo cessou o fogo. Lucas estava deslumbrado. 

Você pode incendiar e apagar o fogo quando quiser! Que legal, cara! Exclamou. 

Os dois entraram desconfiados com a presença de alguém. Andaram sorrateiramente para a cozinha e tomaram um susto, viram um casal desconhecido, morto e ensanguentado. Havia algo estranho, em pleno ar, havia uma rachadura, como uma falha, e com o olhar concentrado veio à mente de Lucas a primeira viagem no tempo de Yan Lopes. 

É aqui onde tudo começou. Aqui seria a escola, a sala onde Yan viajou no tempo pela primeira vez. 

Leonardo era de uma sala diferente da deles, então não sabia direito do que Lucas estava falando, porém, algo quebrou sua reflexão. 

Corretíssimo! Disse alguém. 

Os dois reconheceram a voz e sentindo calafrios viraram-se para trás. 

Era inacreditável e estranha a presença daquela pessoa, não exatamente uma pessoa, era um anjo, um anjo de alto escalão, um arcanjo. Era Fael.

Postar um comentário

0 Comentários